Conforto no caos

Uma breve análise da importância do conforto em meio à pandemia

Pode parecer mais tempo, mas há um pouco mais de um ano (numa época remota quando ainda acreditávamos que a quarentena era composta de quarenta dias, haha), quando parte da população subitamente passou a trabalhar de forma remota, o conceito de conforto começou a ser revisitado como item indispensável em uma nova rotina do vestir.

Naquele momento inicial foi um “salve-se quem puder” com uma sensação de que a pandemia era algo passageiro e as nossas malhas, roupas de academia e moletons dariam conta do recado (afinal, trabalhar de casa era quase que uma libertação do dress code monótono e desconfortável) mas, ao passo em que os dias de quarentena começaram a se prorrogar, vimos o primeiro “boom quarentener” acontecer e uma das primeiras pautas sobre a tendência no mercado deu as caras.

Em tempo recorde, acelerado por essa nova demanda, o mercado de moda compreendeu, inicialmente, que a forma de unir conforto e praticidade neste “intervalo da vida normal” se daria por meio de um loungewear que contemplava, na sua maioria, em peças com uma pegada “pijama chique” e que dava as mãos à chinelos acolchoados – uma tendência que começou, inclusive, a tomar as ruas (e o feed) por algumas blogueiras e celebridades.

Um espelho do primeiro “boom quarentener

Porém, não podemos esquecer que a moda tem função para além dos julgamentos (o bonito ou feio é questão de opinião) e, ao passo que outras necessidades passaram também a serem identificadas algumas adequações (e evoluções) começaram a se fazer necessárias.

Aqui vale um parênteses para falarmos um pouco sobre o conceito de conforto antes mesmo de seguirmos o fio: a ideia de se pensar em conforto, por mais que passemos, primeiramente, no apelo físico, ele carrega consigo outros pontos que merecem ser expostos aqui. 

Conforto por si só, começa com o raciocínio de modelagem e usabilidade, contempla as sensações físicas e, sem dúvidas, carrega também o apelo emocional.

Por isso, para além de não se incomodar com cortes e texturas durante sua jornada de trabalho e rotina home office, não podemos esquecer que se sentir autoconfiante no vestir, gata e você mesma, em tempos de distanciamento (ou não!), não é menos importante.

Ou seja, não podemos nos reduzir aos termos de forma simplista e, sabendo disso, você vai conseguir entender um pouco mais sobre o porquê das novas demandas e mudanças nas araras (cada vez mais virtuais).

Agora, de volta a realidade de uma quarentener…

O tempo foi passando e o distanciamento se consolidando, com isso, passamos a viver em meio às diversas calls diárias (muitas delas poderiam ter sido um e-mail, inclusive, haha), as equipes remotas com cada vez menos interação social e presença física, e uma rotina de trabalho que, apesar de online e por trás da webcam, também trouxe de forma evidente a importância da adequação do vestir ao ambiente corporativo (mesmo que com mais conforto) para continuarmos a interagir de maneira condizente à imagem, espaço e posição que ocupamos ou almejamos.

Afinal, nossa imagem pessoal é uma construção constante e sabemos que o vestir carrega muitas mensagens consigo, por isso mais um passo foi dado nesse sentido e a estética passou também a ser contemplada nesse “combo” e ganhar força.

Assim, os pijamas foram dando espaço para silhuetas mais sofisticadas e alguns pontos nesse quesito deram as caras de forma definitiva, como por exemplo, a busca por materiais premium, peças práticas como macacão e conjuntos passaram a ganhar mais espaço (esse é um exemplo prático da importância da facilidade também como premissa nesse novo momento do vestir), os cortes mais soltos, os tecidos mais tecnológicos, uma malharia mais retilínea, a diminuição dos aviamentos e, a ideia de que para se estar arrumado passa pelo desconforto, começa (e continuará) a ser desconstruída.

De qualquer forma, mesmo em meio ao caos e total desgoverno que vivemos, a esperança da vacina ainda existe (e resiste!) em nossos corações, mas é incontestável o quanto nossa vida, rotina e hábitos se transformaram e mudaram para sempre, o que leva a crer que o “conforto arrumado” – que já era querido por muitos – ganhará cada vez mais força se tornando uma realidade para quem há 406 dias atrás olhou para o seu guarda-roupa e se deu conta de que de repente ele estava praticamente obsoleto.

 

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